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Cais do Porto

A existência do Cais do Porto de São Sebastião do Caí foi a razão da escolha deste local para a fundação da cidade em 1875, no local conhecido até então com os nomes de Porto do Mateus, Porto D. Theodora e Porto dos Guimarães (ver Linha do Tempo de São Sebastião do Caí). Uma viajante, Madame de Langendonck (1862), deixou registro escrito onde relata que já havia navegação fl uvial a vapor no rio Caí, ao menos, desde 1860. Antes mesmo da fundação da cidade, no séc. XIX, já existia uma rampa de terra no local do atual cais do porto. Esta rampa era paralela ao próprio rio e facilitava o embarque e desembarque de cargas em navios e lanchões de acordo com as diferentes alturas da água. Os produtos a serem embarcados eram transportados até o porto com carretas puxadas por tração animal. Em 1888, foram realizadas uma série de reformas que incluíram o primeiro cais de pedra registrado (MASSON, 1940, p. 109), pois era comum que houvesse erosão que afetava o desempenho do cais. A conclusão da Barragem Rio Branco (atualmente no município de Capela de Santana, terminada em 1898) fez com que, na virada do século, se realizassem novas reformas no cais. No acervo do Museu Histórico Vale do Cahy constam duas plantas com projetos de remodelação do cais do porto (imagens abaixo). Uma delas, aparentemente não executada, foi elaborada por José da Costa Gama. Ele foi o engenheiro responsável pelos projetos da Barragem, da torre da Igreja Católica e do Paço Municipal. Seu projeto para o cais incluía a retirada das escadas de pedra, que hoje existem, e a construção de uma rampa pavimentada paralela ao rio, que percorresse todo o perímetro do porto. Ainda, esta rampa se ligaria pela mesma 26
pavimentação à rua Tiradentes. O segundo projeto, feito por João Diehl Júnior em 1901, possui uma esquematização mais simples e aparenta ter sido executado. Ele contém duas escadas de pedra e um muro de contenção à beira do cais. Esse cais de pedra foi expandido durante a gestão de Alberto Barbosa (11/08/1920 a 11/08/1921), pois, segundo Masson:

 

Consta ainda que o cais desabou no tempo em que exercia aquí as funções de juiz de comarca o dr. Caio da Cunha Cavalcanti. Originou-se do fato uma anedota que se tornou histórica, e segundo a qual o dr. Cavalcanti teria comunicado ao governo do estado o desabamento do cais, em telegrama concebido nos termos: “Dr. Borges de Medeiros. Palegre. Caes Cahy cahiu. Caio.” Se non è vero… (op. cit., p. 113, grafo do original).”

O porto continuou sendo utilizado pelas diferentes companhias de navegação fl uvial na primeira metade do século XX. Porém, o Brasil passou a migrar sua infraestrutura de transporte de cargas e pessoas, cada vez mais, para as rodovias a partir dos anos 1950, especialmente a partir do Governo de JK (1956-1960). E, com isso, o Cais do Porto perdeu sua função econômica. Apesar disso, o porto continua sendo um importante local histórico e cultural de São Sebastião do Caí. Enquanto paisagem histórica, pode-se considerar como elementos de um mesmo conjunto arquitetônico e histórico o próprio cais do porto com suas escadarias, rampa e muro de contenção; a escadaria que se inicia na rua João Alfredo e a “rampa da barca” ao fi m da rua Pinheiro Machado. A “rampa” localizada à rua Pinheiro Machado (chamada antigamente de “rua da barca”) era o ponto usado para cruzar o rio Caí entre São Sebastião e a localidade de Matiel. Já a escadaria da rua João Alfredo fi ca a meio caminho entre o cais e a rampa da barca e se trata de 24 degraus escavados na rocha da margem do rio, continuando barranco acima com uma escadaria construída de 19 degraus de pedra grês acimentada. Entre as diferentes manifestações culturais que passam por esse local, a mais importante é a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, que ocorre todo ano em 02 de fevereiro desde o ano de 1942. Essa festa era tradicionalmente realizada em diferentes locais (incluindo o pátio da Escola de Educação Infantil Santo Antônio) e, recentemente, tem sido realizada na rua à frente da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. Essa festa é acompanhada de uma procissão, realizada no dia 02 de fevereiro, que traz uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes pelo rio, passa pelo Cais do Porto e desembarca na “Rua da Barca”, rua Pinheiro Machado, segue a rua João Alfredo, paralelamente ao rio, para na imagem de Nossa Senhora dos 27
Navegantes no Cais do Porto. Depois disso, a procissão segue por diferentes ruas e chega, fi nalmente, à Igreja no bairro Navegantes.
O Cais do Porto é uma área descampada, na beira do Rio Caí, que ainda preserva alguns remanescentes do antigo Porto. Além do muro de contenção, existem duas escadarias executadas em pedra de arenito que dão acesso ao Rio. Uma delas com largura maior, foi executada com uma contençã de pedras regulares. a escada menor, foi executada em meio a uma pedra talhada manualmente. As pedras de arenito, de grandes dimensões, foram assentadas com junta seca. Os degraus em pedra, são reforçados na parte inferior, com barras de trilho de trem. Na lateral da escadaria, existem as argolas metálicas, onde os barcos menores eram ancorados. A pavimentação de acesso é um paralelepÌpedo irregular em basalto, que possivelmente sofreu manutenções por conta das inúmeras enchentes.

Fonte:
KLEIN, Renato. 5404 – História ofi cial de São Sebastião do Caí. Blog Histórias do Vale do Caí. Agosto de 2018. Disponível em: https://historiasvalecai.blogspot.com/2018/08/5404-historia-ofi cial-de-sao-sebastiao_17.html
MASSON, Alceu. Caí – Monografi a. Rio Grande do Sul: Edição da Prefeitura Municipal de Caí, 1940.
VAN LANGENDONCK, Madame. Une colonie au Brésil: récits historiques. Anvers: Imp. L. Gerrits, 1862.
Entrevista com Janice Flores em 25 de janeiro de 2024.

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